Ela fechou os olhos tentando colocar os pensamentos em lugar e as palavras na ordem certa. Numa frase que ficaria ecoando na mente dela, enquanto ela ouvia uma musica tão triste quanto ela. Mas a única coisa que preenchia a cabeça dela eram as notas do piano e quando ela fechava os olhos só havia escuridão. Nada, nenhuma luz no fim do túnel, nenhuma lâmpada se acendendo.
Ela estava leve, leve demais para seu gosto, leve em um
sentido negativo. Não era leveza, era vazio. Vazio que o tédio, a preguiça, o
desespero e a inconstância de sentimentos traziam. O vazio era arrebatador,
esmagador, tão pesado que a deixava se arrastando pelo passar dos dias.
O que ela via, ouvia e lia não tinha mais graça, a internet
e suas redes sócias não a interessavam mais. Livros, vídeos, cds, nada
conseguia tirar o peso da mente e do coração. Ela queria fazer algo com a vida
dela, mas estava perdida e confusa pelos
eventos que estavam para vir, que dividiriam a vida dela em duas partes.
E ela só ficava sentada, encarando com olhos embaçados um relógio que se
arrastava pra girar.
Ela só queria a certeza que tudo seria e estaria igual
quando ela voltasse. Que fosse como se ela só tivesse ido ate a esquina fumar um cigarro. Mas o amargo que ela sentirá
na boca será outro. O do desconhecido,
num mundo que, antes, ela conhecia tão bem. Ela só queria que o abraço, o beijo
e a risada do antes, fossem os mesmos no depois.
Mas o depois era um mistério. E enquanto ela ouvia uma
musica que falava sobre Lá, ela sentia medo. O medo esvaziava. E ela estava
vazia de certezas.